Jornadas Pastorais do Episcopado 2025: Palavras de Abertura do Presidente

Desejo, antes de mais, endereçar a cada um e a cada uma de vós – batizados e ativamente presentes na Igreja – bispos, presbíteros, diáconos, religiosos/as, leigos/as ativos nos diferentes ministérios – uma palavra de boas-vindas, a estas “Jornadas Pastorais do Episcopado” da Igreja em Portugal.

Como o nome indica, estas jornadas são habitualmente preparadas para os bispos do nosso país. Esse objetivo não se perde, pois como se organizam sessões de formação para catequistas, jovens, líderes dos diversos ministérios e o clero, é também bom e necessário que aqueles que presidem às Igrejas diocesanas sintam a necessidade e o desejo de caminhar juntos na reflexão sobre o ministério, a responsabilidade, as questões e os desafios da missão que lhes está confiada.

No clima sinodal que estamos a viver, estas jornadas abriram-se a representantes de toda a Igreja, por vontade e decisão dos bispos, seguindo o exemplo daquilo que se passou nas duas sessões da última Assembleia Sinodal dos Bispos de toda a Igreja, em Roma, em 2023 e 2024. Os bispos não perdem o seu papel nem o Papa o ministério de autoridade e serviço à comunhão de toda a Igreja, mas querem exercer este ministério em comunhão com a própria Igreja, com os irmãos e irmãs que receberam, pelo batismo, o mesmo Espírito que dá origem e vivifica constantemente a Igreja.

Estas jornadas brotam também do Primeiro Encontro Sinodal Nacional que se realizou aqui em Fátima, a 11-01-2025, como ato comum da Igreja em Portugal, exprimindo a receção e interiorização eclesial do Documento Final do Sínodo dos Bispos de 2021-2024, ao qual presidiu o Papa Francisco, que o declarou “Magistério para a Igreja” e o entregou à mesma Igreja, para que, acolhendo-o, o pusesse em prática como instrumento de transformação, através das atitudes de comunhão, participação ativa e missão, dirigido a todos os batizados/as, comunidades e a todas as Igrejas que formam o Povo de Deus, peregrino da esperança nesta terra.

Nesse Encontro do mês de Janeiro, realizado em estilo sinodal, os participantes, na variedade dos carismas e ministérios com que enriquecem a Igreja, apontaram algumas conclusões e sugestões para a implementação da “Conversão Pastoral” da Igreja em Portugal e recomendaram que se continuasse este estilo de reflexão e avaliação da transformação, para que todo este processo não se fique por uma lista de piedosas intenções sem autêntica conversão do ser Igreja como resultado da escuta do Espírito e dos irmãos/ãs.

É a esta luz que vejo também estas “Jornadas de Formação”. É bom revisitar esse documento do mês de Janeiro; partilhar aquilo que está em curso nas nossas Igrejas diocesanas e nas nossas comunidades consagradas e movimentos. É necessário que a reflexão não fique estéril, mas dê origem a atitudes novas e relações sinodais; que sejam revistos os processos de escuta, avaliação e decisão, com a participação de todos os implicados; que esse caminho conduza, na escuta do Espírito e do Povo de Deus, à necessária conversão de estruturas renovadas para uma Igreja verdadeiramente sinodal, na comunhão, na participação ativa e na missão.

Desde esse encontro tivemos eventos muito significativos na Igreja:

O Papa Francisco concluiu a sua missão como pastor e sucessor de Pedro, no serviço corajoso, profético e transformador, guiado pelo Espírito do Senhor. Deixa-nos uma memória amiga e desafiadora, com uma grande projeção e desafio, na Igreja e no mundo. E no centro dessa herança encontra-se a sinodalidade como modo de ser Igreja. Ele entregou esse caminho à Igreja, confiando-o ao Espírito Santo que a move.

De modo, em larga medida, inesperado, o Conclave, guiado pelo Espírito, elegeu um “Papa improvável”, como lhe chamou uma boa parte da comunicação social mundial: o Papa Leão XIV. Acolhemo-lo com alegria, em comunhão sinodal e na Esperança deste ano Santo, como “Peregrinos agradecidos e ativos de Esperança”.

Em atitude de Fé em Deus Pai que nos torna todos irmãos e irmãs pelo batismo; peço-vos que, de pé, unidos a Maria, Mãe de Jesus e Mãe da Igreja – uma Igreja aberta a “todos, todos, todos”, com proclamou, aqui em Fátima o Papa Francisco – iniciemos estas Jornadas cantando, com ela, a alegria no Senhor ressuscitado, que nos guia na missão de transformação desta Sua Igreja, pela força e a luz do Seu Espírito, para levar ao mundo a mensagem da Paz e da esperança.

Fátima, 16 de junho de 2025

+ José Ornelas Carvalho, Bispo de Leiria-Fátima e Presidente da CEP

Fotos: Agência Ecclesia

Scroll to Top