Conclusões das Jornadas Pastorais do Episcopado

PASTORAL JUVENIL VOCACIONAL
Fátima, 18-20 de junho de 2018

Chegados ao final destas Jornadas Pastorais do Episcopado, subordinadas ao tema “Pastoral Juvenil Vocacional”, é com muita satisfação que apresentamos estas conclusões, fruto da elevada qualidade das duas grandes comunicações que serviram de base a este encontro – referimo-nos às intervenções do Padre Fabio Attard e do Padre Mario Oscar Llanos –, mas também fruto de muitas outras partilhas que se foram fazendo ao longo destes três dias que aqui tivemos a graça de partilhar.

Estamos em crer que estas Jornadas não só nos ajudaram a reconhecer o ponto de situação em que nos encontramos relativamente aos trabalhos vocacionais com os jovens, como proporcionaram uma reflexão mais alargada sobre a nossa vocação como membros peregrinos da Igreja.

Posto isto, passamos a partilhar algumas ideias-síntese fruto das reflexões realizadas durante estes dias, fundadas essencialmente na experiência da pastoral juvenil, com relevo para a perspetiva vocacional:

  • Há uma verdadeira necessidade de investirmos na arte do acompanhamento e do discernimento dos jovens.
  • É importante trabalhar a humildade: é crucial, nos tempos atuais, saber escutar os jovens. A humildade é a postura adequada para aprendermos a comunicar com os jovens e a compreender as suas vivências e, para isso, é necessário ter atitudes pacientes e acolhedoras. Os jovens andam em busca de testemunhas, com propostas e ambientes que ofereçam sentido de pertença e de identidade. Por isso, ser testemunha autêntica e coerente é um valor fundamental a que os jovens de hoje são especialmente sensíveis. Deve evitar-se a superficialidade. É necessário ir mais além, em que Jesus Cristo é o ponto de referência. São os jovens quem no-lo pede.
  • Também a empatia é condição essencial para cativarmos os jovens. Lembramos que a escuta leva ao envolvimento. Isso implica da nossa parte assumir um papel ativo onde a nossa presença deve ser testemunho de Cristo. Importa deixar de assumir o papel de espectador, pelo que o decisivo é pormo-nos ao lado dos jovens e envolver-nos nas suas vidas. É necessário ir ao seu encontro, sem condições prévias, somente como pastores, procurando o lado positivo da vida. A empatia constrói-se.
  • Se a empatia é essencial, o testemunho é determinante. A nossa animação vocacional não pode reduzir-se à capacidade de ser bons animadores. É necessário dar importância à sobriedade das coisas, ser transparente, que o jovem encontre sintonia entre a palavra e o gesto.
  • Para que tal aconteça é urgente cuidar a formação humana. Não pode haver agentes na pastoral juvenil que eles mesmos não experimentem o cansaço do caminho do próprio crescimento, pelo que também eles têm que se sentir acompanhados.
  • Estando os guias acompanhados, então o acompanhamento torna-se natural e o jovem sente-se seguro para partilhar a descoberta que vai fazendo da sua própria história.
  • É belo o momento em que o jovem sente que é amado por Cristo. E essa é a missão do guia que, silenciosamente, lhe vai transmitindo o sentido de transcendência. Importa, portanto, que haja centralidade da Palavra de Deus nos projetos pastorais com os jovens. O jovem vai, assim, entrando na vida sacramental, pelo que este momento não é desgarrado da vida. E aqui entra a capacidade do pastor-educador que sabe integrar a vida sacramental dentro da vivência do dia-a-dia.
  • A vida em comunidade e em comunhão é central no projeto de vida do cristão. Os jovens que andam à procura não podem chegar ao verdadeiro amadurecimento, se não se sentirem apoiados por uma comunidade. Deste modo, a experiência dos grupos é um bem a valorizar. Se estamos juntos, é porque fomos chamados e, se fomos chamados, é porque seremos enviados. O caminho não se faz, se não nos dermos ao trabalho de programar os nossos caminhos pastorais.
  • Como pastores dos jovens, somos chamados a caminhar com Jesus junto com eles, ajudando-os a descobrir o seu projeto de vida. Não devemos ter medo de lhes confiarmos as responsabilidades. Elas são para eles uma oportunidade que os faz amadurecer, ao assumirem o protagonismo pastoral. Neste sentido, os jovens devem ser convidados a assumir experiências pastorais e a refletir sobre tais experiências.

 

Desta forma, o que se depreende de muitas das ideias que aqui foram trabalhadas é que continua a ser prioridade e prioritária a pastoral vocacional na vida da Igreja. Não apenas em sentido de uma vida consagrada e ordenada, mas em sentido batismal. Esta pastoral exige governo vocacional para que não reine a anarquia na hora do acompanhamento e do discernimento. A chave vocacional é o modelo de leitura para a assunção da própria existência humana e da missão dos cristãos no mundo. Compreende-se quem somos e mais naturalmente percebemos o nosso lugar e papel no mundo. De modo transcendente permite-se que os dons recebidos se reconheçam e se possam transmitir ao outro. Na alteridade confronto a minha identidade e isso é ocasião de equilíbrio existencial e motivo de assunção de uma missão particular e universal.

A vocação não é um chamamento isolado da história que cada um vive e com quem vive agora e com quem há de viver no futuro aberto à esperança. Há um movimento pessoal que tende a converter-se em ação comunitária. Isso significa que as comunidades cristãs, a começar pela família, passando pela escola, até aos movimentos eclesiais, especialmente os juvenis, têm um papel fundamental no despertar e no orientar da vida de um adolescente e jovem, criando com ele um processo de crescimento humano tendendo à oferta da própria vida, que se aprende em momentos de voluntariado e serviço à caridade. Nestes encontros vão acontecendo episódios de liderança onde se podem ir lançando sementes da vocação.

Para que haja pastoral vocacional é preciso formar animadores e acompanhantes vocacionais. A pastoral vocacional deve ser transversal a toda a pastoral da Igreja e com ela faz-se verdadeira evangelização, com novidade e com criatividade.

Fátima, 20 de junho de 2018

 

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