10.º Encontro de Conferências de Bispos Lusófonos: comunicado final

Comunicado final do
X Encontro de Conferências de Bispos
de Países Lusófonos – CPLP

6-10 de setembro de 2012

 

1. De 6 a 10 do presente mês de setembro teve lugar em Díli, Timor Leste, o X Encontro de representantes de Conferências Episcopais de Países de língua oficial portuguesa – CPLP. Participaram os seguintes Bispos: D. Gabriel Mbilingi, Arcebispo de Lubango e Presidente da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé (CEAST); D. Pedro Brito Guimarães, Arcebispo de Palmas e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); D. Arlindo Gomes Furtado, Bispo de Santiago, Cabo Verde; D. Pedro Carlos Zilli, Bispo de Bafatá, Guiné Bissau; D. Francisco Chimoio, Arcebispo de Maputo e Vice‑Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM); D. Manuel Clemente, Bispo do Porto e Vice‑Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP); D. Manuel António dos Santos, Bispo de S. Tomé e Príncipe; D. Basílio do Nascimento, Bispo de Baucau e Presidente da Conferência Episcopal de Timor Leste (CETL); D. Alberto Ricardo da Silva, Bispo de Díli e Vice‑Presidente da CETL. D. Norberto do Amaral, Bispo de Maliana e Secretário da CETL, não pôde participar por estar ausente em Roma. Participaram ainda o P. José Maia, Presidente da Fundação Fé e Cooperação (FEC), e o P. Manuel Morujão, Secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

 

2. Ao encerrarmos os nossos trabalhos, desejamos exprimir a nossa profunda gratidão, na pessoa dos seus Bispos, D. Basílio do Nacimento e D. Alberto Ricardo da Silva, por tão amistoso e fraternal acolhimento da Igreja de Timor Leste.

 

3. O tema principal da nossa reflexão foi «O desafio das seitas, no horizonte da nova evangelização». Sendo naturalmente um obstáculo, julgamos que se devem encarar como um desafio a transmitirmos melhor a boa nova de Cristo. Apesar das diversidades próprias de cada País, a partilha feita constatou alguns pontos comuns no que diz respeito ao desafio dos novos movimentos religiosos (seitas):

– Notamos que a sua incidência recai mais entre católicos cuja fé não assenta sobre um encontro pessoal com Cristo e o seu corpo eclesial, nem se traduziu numa verdadeira iniciação à vida em Cristo.

– Constatamos também que os católicos mais sensíveis às novas propostas religiosas são os que se sentem mais sós e indefesos perante os problemas que a vida lhes levanta.

– Assim, requer‑se da nossa parte mais clareza na apresentação da fé e da moral cristãs e mais insistência numa iniciação cristã propriamente dita.

– Requerem‑se também comunidades mais convivenciais, com relações próximas de fraternidade, atentas a cada um dos seus membros, sobretudo aos que, de algum modo, mais sofrem.

– Importa promover iniciativas de formação aos diversos níveis, pois a ignorância é porta para todos os erros. É preciso preparar os cristãos para que estejam «sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança… com mansidão e respeito» (1 Pe 3, 15‑16).

– O «Ano da Fé» que, a convite do Papa Bento XVI, iniciaremos dentro de um mês, deve ser aproveitado para crescer na fé, pessoal e comunitariamente, e no testemunho que dela importa dar, como profunda e feliz realização humana.

 

4. Na partilha sobre os desafios que a Igreja enfrenta nos nossos diversos Países, foi sublinhada a urgente necessidade de os cristãos se empenharem na promoção de sociedades justas, livres e solidárias, como exigência inalienável da fé. Os nossos encontros foram uma experiência rica da catolicidade da Igreja, que é una na sua múltipla diversidade.

 

5. Fomos recebidos pelo Sr. Presidente da República, Taur Matan Ruak, em clima de grande cordialidade. Nas palavras que nos dirigiu sublinhou as «ótimas relações» existentes entre o Estado timorense e a Igreja católica e a relevante importância da ação da Igreja, nos diversos campos, para a paz e o progresso de Timor.

 

6. Já depois de encerrados os nossos trabalhos, fomos recebidos pelo Sr. Primeiro‑Ministro, Xanana Gusmão, que nos acolheu muito amavelmente e nos apresentou as prioridades do seu Governo para os próximos anos.

 

7. Tivemos ocasião de presidir à celebração da Eucaristia em diversas comunidades paroquiais de Díli e arredores, onde fomos acolhidos festivamente como irmãos da mesma família e pastores da mesma Igreja de Cristo. Admirámos especialmente a adesão à fé de tantos jovens e a vibração dos corações orantes de todo o povo.

 

8. Particularmente significativa foi a Eucaristia no domingo, dia 9, na Catedral de Díli, presidida por D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, concelebrada por todos nós e por algumas dezenas de sacerdotes, em ação de graças pelos 450 anos de evangelização de Timor. Presentes o Srs. Presidente da República, Primeiro‑Ministro e outros membros do Governo, Presidente da Assembleia da República, diversas autoridades e incontáveis fiéis. Fomos testemunhas da fé de um povo, que passou por tempos duros de guerra e perseguição, mas que se tem mantido fiel a Jesus Cristo, contribuindo eficazmente para a identidade cultural de uma nação livre, que este ano celebra o 10.º aniversário da sua independência. Fomos edificados ao verificar que as altas autoridades da Nação assumem o testemunho público da sua fé.

 

9. Abordámos também o tema do desenvolvimento sustentável, na continuação de uma recomendação da Aliança Internacional de Agências Católicas de Desenvolvimento (CIDSE), aderindo à sua mensagem dirigida à Conferência internacional, recentemente organizada pela ONU no Rio de Janeiro (Rio+20). Incentivamos em especial as comunidades católicas lusófonas a uma participação ativa neste processo, como agentes de mudança e de inspiração de um desenvolvimento com rosto humano no seio das sociedades civis que integram, sendo sal e luz de comunidades mais justas e de um mundo mais sustentável. Apelamos também aos líderes políticos mundiais, de um modo especial aos governantes dos nossos países, a fim de que que assumam com coragem o trabalho de casa deixado pela Cimeira do Rio. Exortamos todas as pessoas de boa vontade a agirem a favor de um mundo mais justo, na defesa do bem comum e da dignidade humana, em que os pobres sejam uma prioridade.

 

10. Na avaliação destes encontros, ficou claro que são úteis e se devem continuar a realizar. De facto, têm sido ocasião para conhecimento e aproximação das Igrejas que representamos. Têm também proporcionado a criação de iniciativas de colaboração, nomeadamente no campo da formação de seminaristas e no apoio a rádios católicas.           

 

11. Durante estes dias em Timor Leste, procedendo de vários continentes, com distintas tradições e culturas, falámos a mesma língua e sobretudo fizemos a experiência de ser um só coração e uma só alma. As nossas diversidades foram pontes de união, no amor de Cristo que continua a pedir que todos os seus seguidores sejam um. Tivemos uma particular experiência do que é a Igreja católica, universal, encontrando nossos irmãos e irmãs na fé, que estão a celebrar os 450 anos de evangelização. Fomos acolhidos por um Povo e uma Igreja em que fizemos a experiência da fraternidade em Cristo e que nos acolheu com extrema cordialidade. Em Timor Leste, nós Bispos de tão diferentes culturas e nações sentimo‑nos em casa e, nas pessoas dos seus Bispos, expressamos o nosso profundo agradecimento.

 

Díli, Timor Leste, 10 de setembro de 2012

Scroll to Top